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tretas&companhia @@@

2008-01-29

SEM COMENTÁRIOS

Enviado por e mail com informação que saiu no financial Times em 13-10-2007.

2008-01-25

SERÁ SINA?

FOTO-OSVALDO GAGO

Segundo Guerra Junqueiro, já fomos assim.

Mas, felizmente, hoje a malta é outra ... será?? " Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta (...) Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta ate à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados (?) na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira à falsificação, da violência ao roubo, donde provém que na politica portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro (...) Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do pais, e exercido ao acaso da herança, pelo primeiro que sai dum ventre - como da roda duma lotaria. A justiça ao arbítrio da Politica, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas; Dois partidos (...), sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes (...) vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se amalgamando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar (...)" (Guerra Junqueiro, in "Pátria", escrito em 1896)

2008-01-07

PORTUGAL MERECE MELHOR

Gostei mesmo. Mais do que ter gostado, adorava ter tido a capacidade de o ter escrito. (Velhos) António A. Sales
Quando ouvi pela rádio a justificação do ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, para as penalizações fiscais dos pensionistas contempladas no orçamento de estado para 2008 (e para anos seguintes), fiquei estupefacto e esperei para ler nos jornais pois supus que teria ouvido mal. Os meus piores juízos foram confirmados, ou seja, tratava-se da necessidade (sublinhado meu) de estabelecer «maior equidade entre a situação dos trabalhadores no activo com a dos pensionistas com idêntico rendimento» (Correio da Manhã, 16.10.07, pág.19) como se estes tivessem hoje as mesmas possibilidades daqueles em obter rendimentos. Mais vírgula menos vírgula este excelso pensamento de justiça social vinha expresso, pelo douto ministro, fiscalistas e economistas, em todos os jornais. Era, pois, indubitável que os pensionistas portugueses gozam de «benefício excessivo» (CM, idem, idem), em relação aos trabalhadores. É difícil medir o grau de humilhação que um pensamento destes provoca em velhos (chamo deliberadamente velhos e não idosos), que trabalharam e descontaram, sobretudo daqueles cujas pensões são pouco avantajadas. As pensões hoje pagas pelo Estado não são um bónus mas o resultado do trabalho de quem, ao longo da vida, contribuiu para a riqueza nacional. Todos sabemos que os cofres da nação estão secos. Estão secos desde de 1830 (isto para não ir mais atrás), com monarquia ou com república, com ditadura ou com democracia, com Brasil ou União Europeia. Os cofres na nação estiveram sempre secos para o povo e sempre os governos resolveram esse desiderato vindo ao povo buscar os restos da sua pobreza. Mas se hoje estão secos não é apenas pela baixa produtividade dos trabalhadores portugueses, como se procura fazer crer, mas sobretudo do desregramento nos gastos da coisa pública, na má administração de governos sucessivos, das obras adjudicadas e concluídas a custos triplo e quádruplo do previsto, do compadrio e apadrinhamento dos partidos que encheram a administração pública com os seus serventuários militantes, quadros, amigos e familiares, dos institutos e empresas públicos gastando sem controlo e sem vergonha o dinheiros dos contribuintes, de uma máquina estatal burocrática, madraça e inoperante, da rede de interesses cruzados que conferem à democracia portuguesa opacidade. De tudo isto não são os velhos, na sua esmagadora maioria, que têm a culpa, embora hoje existam entre eles outros que noutro tempo também a tiveram. Contudo, o essencial da questão nem é isso, mas fundamentar a redução efectiva das pensões por comparação com aqueles que se encontram no activo e podem obter rendimentos dos seu trabalho, da sua iniciativa, da sua juventude, com outros que a idade impede de tudo isso e mesmo agrava, só pode ser interpretado como um pensamento economicista, sensível à despesa, ao défice, à ganância do estado pelos impostos. A sua «maior equidade» não é justa, nem digna, nem ética, nem humana, mas exactamente o contrário de tudo isso. É por isso que não consigo digerir o princípio (socialista?) que afecta os velhos ao equilíbrio com os novos, em descontos. É ofensivo! Mas não é apenas ofensivo como humilhante! O que sobre os velhos em Portugal a hipocrisia esconde deixa-se insinuar nas entrelinhas das estatísticas com os milhões de euros que custam à nação, com centros de saúde e urgências de hospitais que se fecham, com serviços que se lhes retiram, com pequenos benefícios que se lhes subtraem como um excedente que não merecem como se os velhos fossem um corpo social inútil, um estorvo económico incómodo para o défice, concorrendo para fazer de Portugal uma coisa triste. Mesmo com cuidados palitativos (que são isso mesmo, paliativos), é atormentar-lhes ainda mais a proximidade da morte. Portugal devia envergonhar-se da forma como trata os seus velhos e uma nação que não ama os seu velhos pode cantar ao pagode as loas que quiser mas não é uma nação, apenas um povo que vai perdendo os seus valores e apodrecendo por dentro na embriaguez da riqueza de poucos apoiada na pobreza de muitos. Domesticados pelo circo político, bêbados pelo prazer pago a prestações para toda a vida, iludidos pela sedução dos sacrifícios de hoje para um amanhã melhor sempre adiado, essa nação é também um povo de velhos e tal como hoje os trata assim será tratada um dia como povo e como pátria. Jamais imaginei que os ideais de esquerda humanista que recebi na juventude teria de os ver sub-repticiamente excluídos da sociedade portuguesa. Um dia Mário Soares disse que tinha guardado o socialismo na gaveta, não disse, porém, que a tinha fechado à chave. O Portugal do socialismo moderno, liberal, global, abriu a gaveta, foi buscar o socialismo e meteu-o no contentor do lixo. Talvez seja tempo das antigas vozes socialistas ainda vivas lembrarem ao povo português que apesar de se obrigarem professores a trabalhar com doenças terminais e se fazerem buscas policiais a sindicatos com agentes à paisana, esse povo tem o direito, de facto, à indignação e deve indignar-se de uma maneira firme e incontestável.

2008-01-03

É O PORTUGAL DE SEMPRE.....

FELIZMENTE QUE..... Uma análise da política em Portugal, no primeiro dia do ano é benéfico, e dá-nos ânimo para prosseguir!...
«Há muitos anos a política em Portugal apresenta este singular estado: Doze ou quinze homens sempre os mesmos, alternadamente, possuem o poder, perdem o poder, reconquistam o poder, trocam o poder... O poder não sai duns certos grupos, como uma péla que quatro crianças, aos quatro cantos de uma sala, atiram umas à outras, pelo ar, numa explosão de risadas.Quando quatro ou cinco daqueles homens estão no poder, esses homens são, segundo a opinião e os dizeres de todos os outros que lá estão, - os corruptos, os esbanjadores da fazenda, a ruína do país, e outras injúrias pequenas, mais particularmente dirigidas aos seus caracteres e às suas famílias.Os outros, os que não estão no poder são, segundo a sua própria opinião e os seus jornais - os verdadeiros liberais, os salvadores da causa pública, os amigos do povo, os interesses do país e a pátria.Mas, cousa notável!Os cinco que estão no poder, fazem tudo o que podem - intrigam, trabalham, para continuar a ser os esbanjadores da fazenda e a ruína do país, durante o maior tempo possível! E os que não estão no poder movem-se. Conspiram, cansam-se para deixar de ser - o mais depressa que puderem - os verdadeiros liberais e os interesses do país!Até que enfim caem os cinco do poder, e os outros - os verdadeiros liberais - entram triunfantemente na designação herdada de esbanjadores da fazenda e ruína do país, e os que caíram do poder, resignam-se cheios de fel e de amargura - a vir ser os verdadeiros liberais e os interesses do país.Ora como todos os ministros são tirados deste grupo de doze ou quinze indivíduos, não há nenhum deles que não tenha sido por seu turno esbanjador da fazenda e ruína do país...Não há nenhum que não tenha sido demitido ou obrigado a pedir demissão pelas acusações mais graves e pelas votações mais hostis...Não há nenhum que não tenha sido julgado incapaz de dirigir as coisas públicas, - pela imprensa, pela palavra dos oradores, pela acusação da opinião, pela afirmativa constitucional do poder moderador...E todavia serão estes doze ou quinze indivíduos os que continuarão dirigindo o país neste caminho em que ele vai, feliz, coberto de luz, abundante, rico, forte, coroado de rosas, num choito [trote miúdo e sacudido] triunfante!» Felizmente que esta crónica foi escrita no ano de 1871..., sim 1871, senão teríamos que ficar muito preocupados, e muito atentos... Qualquer semelhança com a política actual no nosso país, não é, (desculpem!!!) é pura coincidência. In : "As Farpas", de Eça de Queiroz e Ramalho Ortigão, Junho de 1871
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